terça-feira, 21 de abril de 2009

Obra de Arte


Esta semana incluímos uma nova técnica no tratamento do Alexandre. A prática da Terapia de Evolução e Desenvolvimento (TED), uma terapia comportamental para tratamento de crianças autistas cujo principal objetivo é a interação social. A pessoa que tem intenção de se socializar vai desenvolver a comunicação e a linguagem, não vai ficar isolada, vai apresentar comportamento compatível com o meio social, etc. Então, no TED é mais importante a interação do autista com o terapeuta durante a atividade do que a atividade propriamente dita. Mais: se a atividade chamar muito a atenção da criança a ponto dela ignorar o adulto, deve ser substituída imediatamente.
A prática é realizada em uma mesa, com a criança sentada à frente do terapeuta e umas quatro atividades diferentes preparadas. Fiquei pensando que o mais difícil seria pensar em coisas para fazer que entretecem meu filho, mas não a ponto de ele adorar a atividade e deixar de prestar atenção em mim.
Na teoria tudo funciona, mas na hora da verdade, o bicho pega. Para o meu espanto, o mais difícil - e quase impossível - foi manter o Alexandre sentado à mesa. A TED propõe 15 minutos. Eu consegui “2 séries de 3 minutos”, com muita, muita dificuldade.
Como ele não queria ficar sentado à mesa, mas estava interagindo bem comigo pelo quarto, intercalei minhas séries com Son Rise (veja mais sobre esta técnica neste blog). Foi bem bacana, mas mantive a meta de manter meu filho sentado a uma mesa, na minha frente, interagindo, interessado, mantendo contato visual e tudo o que tenho direito por pelo menos 15 minutos, qualquer que fosse o método ou a atividade!
Foi hoje, dia 19 de abril. Sentamos com ele à mesa, na verdade, ele sentou na cadeira dele e nós (mamãe e papai) no chão - para que nossos olhos ficassem da mesma altura. A atividade foi pintura a dedo. Ele tem muito nojo de tintas, então já aproveitamos para fazer um trabalho de dessensibilização e de quebra uma obra de arte para eu guardar para sempre como qualquer mãe.
Colocamos cada cor em um potinho e folhas na mesa. No começo, ele só mexeu com pincel e ficou com muito nojo. Aos poucos foi se soltando e usando os dedos, as mãos e no final até passou tinta na barriga.
Ele ficou o tempo todo interessado e, quando a tinta acabou, ele mesmo abriu o potinho da tinta branca e da azul e fez minha esperada obra de arte espontaneamente em uma folha.
Ele ficou sentado por 20 minutos, com uma única pausa para xixi. E tive um prêmio extra: enquanto pintava com a tinta azul e eu repetia “azul” como uma papagaia louca, ele virou para mim, olhou nos meus olhos e disse claro e em bom tom “azul!”.

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