quarta-feira, 30 de junho de 2010

Festa Junina 2010

Para filho de bailarina, o cara deixou a desejar na dança, mas arrasou no seu traje de “Woody”! Nosso pequeno xerife chegou causando na Festa Junina da escola este ano. Queria brincar com água e areia nas mesas de comida das pessoas e eu cheguei a pensar em ir embora. Respirei fundo, criei coragem e dei um copo com água e um baldinho para ver se ele “matava as bixas” e desencava. Deu certo!

Ele ficou uns 20 minutos nessa atividade e logo foi brincar pela escola com os... AMIGOS??? Siiiiiiiiim!!! Parece sim estar rolando uma certa interação.

Quando chegamos ao balanço, imediatamente um amiguinho veio balançá-lo. Ele gostou bastante e os dois pareciam já estar habituados com a brincadeira.

Mais tarde, o Ale ficou olhando um escorregador bem alto que tem na escola. Eu perguntei para um amigo da sala dele se meu filho costumava brincar lá. Ele me disse que nunca ia porque tinha medo lá de cima. Então, eu pedi para o amigo subir e esperar o Ale lá e levei-o até a escada. Ele subiu e foi logo amparado pelo amigo, que já o ajudou a escorregar. E assim os dois ficaram por mais meia dúzia de escorregadas compartilhadas. Na reunião, aprofessora disse que ele esta ficando mais com as crianças.

O ano passado, o Ale só curtiu o sanfoneiro (veja o texto Festa junina pelos olhos da avó), já este ano deu uma olhada nos instrumentos, mas quiz mesmo aproveitar a festa! Tô começando a achar que puxou a veia festeira da mamãe. Quem sabe um dia não vira pé de valsa.

Ah, as fotos são da Júlia! Valeu Jú!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Contato visual

A minha avó cresceu ouvindo a minha bisa dizer que pessoas que não nos olham nos olhos são mentirosas e dissimuladas. A vovó sempre acreditou nisso, repetiu isso para os filhos e sempre que conversavam ela exiga que eles a encarassem. Quando achava que um deles estava mentindo ela dizia: "Repita isto, olhando nos meus olhos!". Sempre funcionava. O meu pai e meus tios nunca disseram uma mentira encarando a minha avó.



Com o passar dos anos, a vovó descobriu que muitas pessoas mentirosas conseguem, sim, mentir olhando bem nos olhos do interlocutor. Descobriu também que nem todo mundo que não encara o outro, o faz por ser mentiroso ou dissimulado. Há pessas muito tímidas, que mantêm os olhos baixos; outras preferem conversar apreciando a paisagem ou até vendo a própria imagem refletida num espelho ou num vidro (que vaidosas!). Há os deficientes visuais. E há aqueles como eu, que simplesmente não gostam de olhar para as pessoas. Assim, caiu por terra a teoria da minha bisavó.


Mas a vovó Lila continua achando o contato visual muito importante. Por exemplo, numa entrevista de trabalho, o entrevistado que der suas respostas olhando para o entrevistador, levará vantagem sobre aquele que se mantiver de olhos baixos ou com o olhar vago de quem está olhando para o nada.


Então, ela trabalha muito isso comigo. Inventa um monte de brincadeiras que me fazem olhar para ela. Como aquela que a gente faz no balanço, que eu contei aqui, dias atrás. Nas nossas bincadeiras de esconde-esconde, de pular na cama dela, de água e areia, ela sempre dá um jeito de fazer nossos olhos se encontrarem. Às vezes, ela tampa seus dois olhos com as mãos (fica me olhando por um buraquinho entre os dedos) e pergunta "Cadê o Alexandre?" Isso não falha nunca! E toda vez que eu olho para ela, ela faz comentarios como:


"Que olhos lindos você tem!",


"Obrigada por me olhar assim!",


"Adoro quando você me olha".


"Tá me olhando, hein?"


Esses comentários me motivam e me fazem mais seguro. (Isso a vovó aprendeu lendo livros do SonRise).


Os meus contatos visuais estão cada vez mais frequentes. E eu sei que com isso, deixo a vovó muito feliz.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Quelação

Trata-se de uma terapia simples e utilizada há vários anos com muito sucesso por milhares de famílias nos Estados Unidos e Europa. Consiste num protocolo de administração de agentes queladores, produtos capazes de se agregarem a minerais tóxicos e excretá-los do organismo através das fezes e urina. No Brasil, esta terapia ainda é nova, enquanto que em outros países já é utilizada com muito sucesso há alguns anos e os profissionais indicados para acompanhamento seriam os médicos ortomoleculares.

No caso do Alexandre quem está acompanhando é a pediatra nova dele. Sabíamos da existência do método há alguns anos, mas decidimos esperar  ele ter 5 anos de idade para começar.


Ele tomou os agentes queladores por 20 dias em maio e no último dia coletamos urina para análise de alumínio, chumbo e mercúrio. Era esperado encontrar até um micrograma por litro (ug/l) de chumbo e o dele foi menor que isso, 2 ug/l de mercúrio e ele apresentou 3 ug/l e o mais assustador 1 ug/l de alumínio e ele apresentou 231 ug/l.

A má notícia é que ele vai ter que fazer uma nova quelação até esse 230 ug/l desaparecer e a boa notícia é que dá uma esperança enorme dele estar curado neste dia!!!

Como o Ale tá doentinho vamos ter que esperar um pouco para a segunda dose, pois a quelação elimina também minerais bons e úteis do organismo. Por isso a pessoa tem que estar muito bem antes de começar. No caso dele demos uma caprichada nas vitaminas diárias dele um mês antes de iniciar.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Meu fim de semana com a vovó Lila

Sábado, dormi na casa da vovó. Foi uma delicia e sei que dei a ela muitas alegrias. A primeira foi eu ficar gritando "vovó" quando cheguei na casa dela. Eu tenho feito isso com certa frequencia. Quando chego na porta da casa da vovó, chamo por ela - um gritinho bem alto e fino. Ela adora!


A gente brincou bastante e dormimos abraçadinhos, outra coisa que a deixou muito feliz.


Domingo, a gente passeou no parque. Eu estava muito alegre, corri muito, brinquei na areia. Na pista de corrida, resolvi me sentar no chão, e quando passou uma senhora que fazia caminhada, eu lhe disse: "Oi!", olhando para ela. Ela respondeu ao meu cumprimento, achando muito bonitinho.É claro, meus avós ficaram orgulhosíssimos! A minha professora da escolinha está insistindo muito para eu dizer "oi", e eu estou correspondendo bem às suas espectativas. Tenho cumprimentado meus primos, a vovó, o vovô e algumas pessoas.


Existe uma brincadeira que a vovó faz comigo e com meus primos, que nós todos achamos muito legal. Ela nos coloca no balanço, empurra-nos bem alto enquanto canta uma musiquinha que ela inventou. No meio da música, ela pára, segura nossos pés com força e diz: "Olha para a vovó!" Então, a gente fixa bem os olhos nela, e ela grita: "Que olhos lindos você tem!", solta-nos e começa tudo de novo. A gente se diverte bem, e a vovó fica muito contente de eu olhar bem nos olhos dela. Meus primos e eu gostamos muito dessa brincadeira. Domingo, a gente brincou disso, mas teve uma hora em que me cansei, e quando a vovó pediu que eu olhasse nos olhos dela, eu fechei os meus olhos, bem fechadinhos, fazendo-a dar boas gargalhadas, divertindo-se com a minha iniciativa de variar a brincadeira.


À tarde, teve jogo do Brasil e como a vovó e eu não gostamos de futebol, fomos brincar mais. Fomos para a varanda da casa dela, um lugar, até então, muito pouco explorado por mim. Eu adorei ficar ali, correndo, gritando, vendo passarinhos voando assustados com os fogos. Depois do jogo, meus pais vieram me buscar.


Foi gostoso ficar o fim de semana com a vovó e o vovô mas eu já estava com saudades. Prova disso foi a forma alegre e carinhosa como abracei e beijei a mamãe, o papai e a minha querida irmãzinha.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

2010

Queridos seguidores,

Desculpem nosso longo período de resguardo. O Alexandre ganhou finalmente sua irmãzinha e só agora que ela completou 3 meses acreditamos que as atividades da família se normalizaram. Ele parece gostar dela. Costuma mexer com ela, faz carinho, tenta beijar/morder, observa tudo o que ela faz e o que fazemos com ela, tenta pegá-la no colo e morre de rir quando ela chora. Quando ela chora e estamos longe ele é o primeiro que corre para vê-la chorar de perto, sempre dando muita risada, mas ele ri gostoso mesmo quando é ele o causador do choro. Parece que ele gosta de vê-la interagindo de qualquer forma, como se não soubesse que ela chora por um desconforto mas sim porque simplesmente é isso que bebês fazem.
O que está interessante é que o comportamento todo dele mudou muito. Ele era relativamente solitário, silencioso e ficava muito tempo em suas atividades preferidas, em isolamento. Agora ele está hiperativo, extremamente barulhento (apesar de não falar), troca muito de atividade, explora a casa toda o tempo todo, leva as pessoas para ver TV com ele, ou para brincar na cama elástica, ou para ficar abraçadinho para esquentá-lo. Quando ele vai para a escola a casa fica tão fazia e quieta que dá até medo!
Ainda não sabemos se as mudanças são por causa da Helena, por causa de algum tratamento ou ainda por cauda da idade mesmo e principalmente ainda não sabemos se são mudanças positivas ou não.
O tratamento mais diferente que ele fez nesse período foi a quelação. Ele tomou o quelante por 20 dias, fizemos um exame de urina para saber o resultado e estamos aguardando. A quelação está sendo acompanhada pela nova pediatra, que é também nutróloga e acompanha muitas crianças autistas. Ela mudou algumas vitaminas americanas por semelhantes manipuladas no Brasil.
Atualmente ele freqüenta a ADACAMP (associação de desenvolvimento do autista de campinas) duas vezes por semana, com fonoaudióloga, terapeuta ocupacional e psicopedagoga, faz equoterapia uma vez por semana, reorganização neuro funcional uma vez por semana e freqüenta pré escola meio período diariamente.
Em casa estamos tentando fazer sun rise durante a semana, sábado de manhã ele brinca com a Ju e domingo folga total ( de todo mundo!!!). Continuamos com a dieta do glútem e da caseína, com a dieta do IGG dele, com suplementação de vitaminas e minerais.
Atualizaremos o blog semanalmente e contamos com trocas de experiências e boas idéias de todos que as tiverem!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Somos todos autistas, a gradação está nos rótulos

Scheilla Abbud Vieira

Quando me recuso a ter um autista em minha classe, em minha escola, alegando não estar preparado para isso, estou sendo resistente à mudança de rotina.


Quando digo a meu aluno que responda a minha pergunta como quero e no tempo que determino, estou sendo agressivo.


Quando espero que outra pessoa de minha equipe de trabalho faça uma tarefa que pode ser feita por mim, estou a usando como ferramenta.


Quando, numa conversa, me desligo, "viajo", estou olhando em foco desviante, estou tendo audição seletiva.


Quando preciso desenvolver qualquer atividade da qual não sei exatamente o que esperam ou como fazer, posso me mostrar inquieto, ansioso e até hiperativo.


Quando fico sacudindo meu pé, enrolando meu cabelo com o dedo, mordendo a caneta ou coisa parecida, estou tendo movimentos estereotipados.


Quando me recuso a participar de eventos, a dividir minhas experiências, a compartilhar conhecimentos, estou tendo atitudes isoladas e distantes.


Quando nos momentos de raiva e frustração, soco o travesseiro, jogo objetos na parede ou quebro meus bibelôs, estou sendo agressivo e destrutivo.


Quando atravesso a rua fora da faixa de pedestres, me excedo em comidas e bebidas, corro atrás de ladrões, estou demonstrando não ter medo de perigos reais.


Quando evito abraçar conhecidos, apertar a mão de desconhecidos, acariciar pessoas queridas, estou tendo comportamento indiferente.


Quando dirijo com os vidros fechados e canto alto, exibo meus tiques nervosos, rio ao ver alguém cair, estou tendo risos e movimentos não apropriados.



Somos todos autistas. Uns mais, outros menos. O que difere é que em uns (os não rotulados), sobram malícia, jogo de cintura, hipocrisias e em outros (os rotulados) sobram autenticidade, ingenuidade e vontade de permanecer assim.